quinta-feira, 14 de maio de 2009

Lago Niassa será declarado reserva

UMA proposta de declaração do lago Niassa como área de conservação deverá ser submetida à apreciação do Conselho de Ministros antes do final deste mês, no quadro de uma estratégia de redução da pressão actualmente exercida sobre os recursos disponíveis nos cerca de 100 mil hectares distribuídos pelo continente e pela área coberta pelas águas.
Maputo, Quinta-Feira, 14 de Maio de 2009:: Notícias

Tanto a proposta como o plano de maneio da futura reserva do lago Niassa serão aprovados entre hoje e amanhã durante uma sessão especial do Governo provincial, na qual será igualmente discutido o aperfeiçoamento dos mecanismos de controlo da caça furtiva e das queimadas descontroladas naquela província, através do estabelecimento e/ou renovação de contratos de exploração de áreas de caça desportiva com envolvimento das comunidades.
A submissão da proposta de declaração da reserva do lago Niassa ao Conselho de Ministros é o culminar de um processo de consulta e auscultação lançado pelo Governo em coordenação com o Fundo Mundial para a Natureza que nos últimos meses promoveram uma série de seminários envolvendo diferentes sensibilidades interessadas no uso sustentável dos recursos disponíveis no lago, nomeadamente Governo, sector privado e as comunidades.
Segundo Albino Nandja, oficial comunitário do Fundo Mundial para a Natureza no Niassa, depois seguiu-se uma discussão a nível dos vários sectores interessados, querendo-se assegurar que cada uma das partes promova a defesa dos interesses específicos no âmbito da reserva.
“Era preciso garantir que cada sector deixasse claro o que pensa que vai ser a zona a médio e longo prazos no tocante às estradas, escolas, habitação, entre outras infra-estruturas sociais e económicas que, certamente, vão surgir como resultado do desenvolvimento. Toda esta informação está aglutinada no plano de maneio. “Paralelamente a isso, vamos desenvolvendo acções de educação ambiental, porque queremos promover uma gestão que envolva activamente as comunidades”, explica Albino Nandja.
Actualmente, segundo o nosso interlocutor, a área da reserva enfrenta problemas como o défice de pescado e a precariedade das embarcações usadas pelos pescadores artesanais. Das consultas feitas, de acordo com a fonte, constatou-se a existência de problemas ligados fundamentalmente à pesca desordenada.
“Não se respeita o período de veda. Os pescadores do Malawi respeitam a veda quando ela é decretada lá no seu país, mas já não respeitam aqui em Moçambique. Ou seja, quando é tempo de veda eles vêm pescar nas águas moçambicanas, onde aparentemente não há controlo. Pior ainda, usam técnicas nocivas. Outro problema é que em Moçambique não tem havido financiamento para o fomento da pesca. Não há materiais de pesca no mercado e os pescadores têm que percorrer longas distâncias para ir comprar o material em Lichinga. É por isso que acabam optando pelo mais fácil, que é ir comprar material na Tanzania, algum do qual não é recomendável para o tipo de pesca que se impõe numa área de conservação...”, explica.

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