domingo, 7 de junho de 2009

terça-feira, 26 de maio de 2009

Lago Niassa, um paraíso perdido



O Lago Niassa é um espelho de água turquesa, translúcido, cheio de cíclidos e mais um milhar de outras espécies de peixes que são mais numerosas que todas aquelas existentes nos mares da América e da Europa. “É um mundo fantástico e precisa de ser protegido”, diz-nos Patrick Simkin. Há oito anos ele chegou ao lago à procura de um destino para um projecto de turismo responsável. Encontrou-o no “mar de estrelas”, onde a areia faz nkwichinkwichi debaixo dos pés. “Nkwichi” é o nome do lodge que abriu há três anos. O “Nkwichi Lodge” e o “Mchenga Webe” começam a ser conhecidos.
Duas realidades turísticas na margem moçambicana do Niassa, como se diz lago em nianja, cuja profundidade chega aos 700 metros.Começam agora a aparecer na margem moçambicana do lago alguns projectos turísticos ainda tímidos, que se fossem mais ambiciosos e ligados à Reserva de Fauna Bravia do Niassa, podiam fazer da província um fantástico destino turístico. A biodiversidade aquática é riquíssima. A pesca artesanal feita em pequenas almadias é de fraca rentabilidade. Patrick Simkin e outros empreendedores espanhóis, holandeses e britânicos, investiram 500 mil dólares em seis chalets para 14 hóspedes. Neste momento, estão a ser construídas mais duas casas. O “Nwichi Lodge” é um luxuoso empreendimento, feito em material local. O arquitecto foi o próprio Patrick Simkin, um jovem de 36 anos nascido na Suazilândia.O programa African Safari Lodge, implementado em Moçambique há ano e meio, seleccionou o “Nwkichi Lodge”, como um dos projectos-piloto que mostra como o ecoturismo, se praticado de forma responsável, pode trazer benefício à comunidade local e para o desenvolvimento rural. “Nós contribuímos para a construção da escola”, explica Patrick. “Trabalhar com a comunidade nem sempre foi fácil. Não era apenas um problema de língua. As pessoas não tinham experiência com o mundo externo. 95% do nosso staff nunca tinha tido um emprego antes. E a maior parte das mulheres tinha um nível de educação extremamente baixo. Hoje, uma das nossas melhores directoras é uma senhora local. E Douglas não é apenas um dos nossos funcionários. Hoje é nosso colega.”
Douglas Kabotolo aprendeu a fazer turismo com Patrick. Há sete anos era pescador, como a maioria dos homens do lago. “Pescamos e vendemos o peixe em Lichinga, mas não é muito rentável. As machambas dão pouco, e só para o nosso próprio consumo. Precisamos de dinheiro para comprar as outras coisas”, conta. “Comecei a trabalhar com o Patrick. Hoje tenho o meu empreendimento turístico, com um staff de três pessoas. Ensino-lhes tudo o que aprendi aqui. Cada um deve saber fazer um pouco de tudo, cozinhar, receber os clientes”, diz-nos Douglas. E até levá-los para o safari no mato para ver as várias espécies de animais, elefantes, cães selvagens, leões. O complexo “Mchenga Webe” está em Nbweka, a aldeia onde nasceu e onde vive, à beira do lago, no meio de árvores de chanfuta. Em dois anos de actividade, passaram pelo “Mchenga Webe” 50 hóspedes, de vários países europeus. “Holandeses, portugueses, ingleses. Para a semana estou à espera de três hóspedes”. Douglas Kabotolo bem poderia ser o protagonista de um anúncio publicitário "produzir, consumir e exportar moçambicano". Ele quer comprar uma estrada para o seu negócio, o turismo. “Muita gente sabe do meu aldeamento e queria vir, mas a estrada não permite, sobretudo durante a época das chuvas”.Paola Rolletta, in “Jornal Savana”, Maputo, 20.04.2007

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A Zambézia de A a Z

A - Alto Molócue
Vila e sede de distrito situada 350 quilómetros de Quelimane e 200 de Nampula, em plenas montanhas da Alta Zambézia, não muito longe do rio Ligonha, divisão natural das duas províncias. Recentemente, em Abril de 2006, o Alto Molócue foi um dos dez distritos que ascendeu à categoria de Município.

B - Bicicleta
É o meio de transporte mais popular na Zambézia. À entrada de Quelimane circulam em maior número que os carros. Outra coisa, única no país, são as bicicletas-táxi que circulam um pouco por toda a província e, sobretudo, na capital. Aqui, o fenómeno surge, com particular força em finais de 2006 e alastrou-se de tal maneira que hoje Quelimane pode ser considerada a cidade das bicicletas. Os preços variam de 5 a 15 meticais dependendo naturalmente das distâncias a percorrer. Após as 18 horas, os preços são agravados, pagando-se um mínimo de 7,50 meticais, aumento justificado, no dizer dos taxistas, pelos riscos que correm.

C - Chuabo
O Chuabo é a língua falada na região à volta da cidade de Quelimane. É uma língua banto, da grande família Níger-Congo e do grupo das línguas Emakhuwa. 7% da população moçambicana tem esta língua como materna.

D - Donas
D. Ana do Chinde, D. Macacica, D. Ignácia Benedita da Cruz são alguns nomes das célebres Donas da Zambézia. Normalmente, estas mulheres eram mestiças filhas de portugueses e de negras ou goesas. Surgiram no século XVII e foram até meados do século XIX, quando foram extintos os chamados prazos da Coroa - vastas concessões de terras administradas ao estilo feudal. Muitas destas donas herdaram fortunas fabulosas, acabando por deter um grande poder na sua área de jurisdição.

E - Elomwe
Com 8% de falantes, o Elomwe é a terceira língua mais falada em Moçambique, depois do Macua (26%) e do Changane (11%). Fala-se um pouco por toda a Zambézia por excepção das zonas circunvizinhas da cidade de Quelimane.

F - Frango à Zambeziana
O frango está para a Zambézia como o cabrito está para Tete: é o prato favorito. Os ingredientes são: frango, limão, sal grosso, alho, coco, piripiri. Hoje é um prato consumido no país inteiro.

G - Gurúè
Conhecida no tempo colonial por Vila Junqueiro, a povoação do Guúè não é de acesso fácil. Mas a sua beleza vale bem uma visita. A grande imagem que marca é a enorme extensão de campo verde ocupado pelas plantações de chá, as maiores de Moçambique. O clima é fresco e a paisagem faz lembrar, em alguns locais, o norte da Europa. A vista dos socalcos verdes das plantações de chá é fabulosa.

H - Hotel Chuabo
Com os seus oito pisos é o edifício mais imponente de Quelimane. A “olhar” o rio, o Chuabo foi construído nos anos ´60 quando a Zambézia prosperava. Nessa altura, Lindolfo Monteiro, o maior empresário da região, mandou edificar este grandioso hotel com 130 camas, 63 quartos, restaurante e snack-bar. No interior, há saborosos pormenores de arquitectura como a larga escada em caracol que dá acesso aos andares superiores. Os quartos são espaçosos, destacando-se nas paredes os quadros com motivos piscatórios portugueses. Depois de 30 anos entregue ao Estado, o Chuabo voltou à exploração privada em Novembro de 2005.

I - Igreja Nossa Senhora do Livramento
Também conhecido por Catedral Velha, este templo, localizado na marginal de Quelimane, foi construído no último quartel do século XVIII. Nas lajes do seu chão repousam os restos mortais de ilustres portugueses que governaram a Zambézia. Necessita de urgentes obras de restauro, sob pena de ruir definitivamente.

J - João Correia Pereira
Natural da cidade nortenha portuguesa do Porto, chegou à Zambézia em 1853, com apenas 13 anos. Não demorou muito a enriquecer com o comércio no interior, sobretudo de marfim. Figura muito prezada em toda a Zambézia, falava fluentemente várias línguas da região, tendo inclusivamente guiado o conhecido missionário escocês David Livingston quando este procurava os rápidos do Zambeze. Em 1877 fundou em Quelimane o semanário “O Africano”, o primeiro de Moçambique. Nas suas páginas bateu-se contra todo o tipo de injustiças e abusos do poder, tendo-lhe sido erguida uma estátua em Chinde.

L - Ligonha
Afluente do rio Lúrio, o Ligonha é a fronteira natural entre a Alta Zambézia e o sul da província de Nampula, tendo a sua foz na Ponta Macalonga, um pouco a sul de Moma. O seu leito é conhecido pela riqueza dos minérios.

M - Madal
Os descendentes de João Correia Pereira venderam a maior dos seus terrenos à Sociedade Madal, fundada no Mónaco em 1903. Entre os sócios fundadores da Madal contava-se o príncipe Alberto Honorato Grimaldi (trisavô do actual príncipe Alberto). Nesse tempo, tal como agora, a Madal dedicava-se à plantação de coqueiros e à criação de gado, com destaque para o óleo de coco. Na floresta de Mahinde, que também lhe pertence, existe hoje uma reserva de caça. Presentemente, a empresa encontra-se em grandes dificuldades financeiras correndo o risco de fechar as portas. N - Namúli As serras, que estão em cima das plantações de chá, emprestam ao monte Namúli, com a sua altura descomunal - possui 2.419 m, sendo o segundo mais alto do país - um aspecto de esmagadora grandiosidade. Na época das trovoadas o espectáculo é tão belo, tão grandioso, que chega a meter medo.

O - Olinda
Fica situada do lado oposto da praia de Zalala, à entrada do Rio dos Bons Sinais, e é conhecida, sobretudo, pelo seu farol. Aos fins-de-semana é um local concorrido sobretudo por parte dos habitantes da capital.

P - Praia de Zalala
A praia é linda mas o caminho é ainda mais. Milhares de coqueiros ladeiam a estrada durante a maior parte dos 37 kms que separam Quelimane de Zalala. Esta vegetação densa termina num areal branco imaculado a perder de vista. Quando a maré está baixa o percurso até ao mar parece infindável. Aos fins-de-semana é igualmente muito concorrida.

Q - Quelimane
É a capital da província da Zambézia e uma cidade das mais antigas da colonização portuguesa. Quem chega a Quelimane vindo do Sul, a primeira impressão que tem é de sobrelotação. Efectivamente, à medida que a cidade se aproxima o formigueiro de gente dos dois lados da estrada vai engrossando. Os subúrbios são povoadíssimos só encontrando paralelo em Maputo e em Nampula. Aqui as casas são de adobe com telhados de palha, sendo as dos mais endinheirados de tijolo cobertas com chapa de zinco. A densidade populacional é elevadíssima, ou não fosse Quelimane a quarta cidade do país e a província da Zambézia a segunda mais populosa, depois de Nampula. Apesar de ser do tempo da velha colonização portuguesa, o aspecto geral de Quelimane, em termos urbanísticos e arquitectónicos é dos finais dos anos ´60, sendo o edifício do Conselho Municipal o seu exemplar mais típico. No centro da cidade, na Avenida 1 de Julho, fica a mesquita, um edifício moderno, interessante, com recortes superiores nitidamente de estilo mourisco.

R - Rio dos Bons Sinais
Na língua chuabo é conhecido como rio Cuácua, mas o navegador português Vasco da Gama quando aportou na sua embocadura, em 1498, chamou-lhe Rio dos Bons Sinais por entender que estava certo na sua rota para a Índia.

S - Sura
É uma bebida apreciada em quase todo o país, mas na Zambézia é mais vulgar. É feita à base da seiva da palmeira fermentada, tem aspecto de um vinho e quando doce, é bem agradável. De elevado teor alcoólico, embriaga com relativa facilidade.

T - Tchakare
É um instrumento cordófono, em que a corda passa directamente por cima da caixa de ressonância, assim como acontece na viola. Esta caixa de ressonância é normalmente feita de madeira coberta de uma membrana de pele de lagarto. O tocador segura o instrumento de modo a que a caixa fique encostada ao seu abdómen ou ao seu ombro. Com uma das mãos faz pressão sobre a corda para variar o som, ao mesmo tempo que ela é friccionada com o arco, que segura na outra mão. A corda deste arco é feita de raiz de “murapa” embebida em resina da árvore “chakari”. Em algumas regiões da Zambézia é conhecido também por siribo.

U - Undi
Título nobiliárquico criado no século XVII entre os maraves que resultou da uma cisão do título karonga. Undi, irmão de um karonga falecido, não se conformou com a preferência dada pelos conselheiros a um seu sobrinho, por isso decidiu separar-se levando consigo todos os membros femininos da linhagem real phiri. Este reino independente chegou a ocupar uma parte importante da província de Tete e do oeste da Zambézia.

V - Vila de Sena
Vila de Sena foi a primeira capital económica de Moçambique. Antes da colonização, segundo a tradição oral, a Fortaleza de Sena contava apenas com dois pigmeus, que falavam todas as línguas do mundo. Depois abandonaram misteriosamente a área, sendo actualmente substituídos por abelhas mágicas. Sena, que completou, em Maio, 247 anos de fundação, tem como referência obrigatória a sua fortaleza. A comunidade e as autoridades equacionam a possibilidade de realizar actividades de limpeza, arborização e vedação daquele local histórico e cultural, para acolhimento condigno aos turistas e pesquisadores do rico mosaico histórico e cultural moçambicano.

X - Xicundas
Espécie de pequeno exército de escravos que zelavam pela segurança dos prazos. Após a abolição da escravatura, no último quartel do século XIX, os xicundas passaram a sipaios da administração colonial.

Z - Zambeze
Conhecido também por Grande Rio - é o terceiro maior de África depois do Nilo e do Congo - é também ele que dá o nome à província e a toda a região. Nasce na Zâmbia, passa por Angola, estabelece a fronteira entre a Zâmbia e o Zimbabwe e atravessa Moçambique de oeste para leste, para desaguar no Oceano Índico num enorme delta na zona de Chinde. Tem 2.750 km de comprimento. A parte mais espectacular do seu curso são as Cataratas Vitória, as maiores do mundo, com 1708 m de extensão e uma queda de 99m. Este monumento natural foi inscrito pela UNESCO em 1989 na lista dos locais que são Património da Humanidade.Existem duas grandes barragens no rio Zambeze: Kariba, na fronteira entre a Zâmbia e o Zimbabwe (e gerida conjuntamente) e Cabora Bassa, em Moçambique.
A Verdade Online - 21 Maio

FEIRA DO TURISMO INDABA - “Marca Moçambique” apresentada ao Mundo

Promover a imagem do país como destino turístico, bem como apresentação ao mundo da Marca Moçambique constituíram os principais objectivos da recente participação moçambicana na feira anual da África do Sul – Indaba, uma das mais prestigiadas exposições de especialidade no mundo.
Maputo, Sexta-Feira, 22 de Maio de 2009:: Notícias

Chefiada pelo vice-ministro do Turismo, Rosário Mualeia, a delegação moçambicana à feira que decorreu de 9 a 12 corrente, comportava um total de 30 expositores dos sectores público e privado, destacando-se neste último marcas de hotéis representados em Moçambique, lodges, agências de viagens e operadores turísticos.
Isabel Macie, secretária-executiva do Gabinete Técnico do Mundial 2010, classificou de positiva a participação moçambicana no certame, uma vez que, segundo argumentou, o stand ter sido visitado por pessoas de vários extractos sociais interessadas em adquirir informação adicional sobre o potencial turístico do país.
“Conseguimos estabelecer, com a contra-parte da sul-africana, uma parceria com vista ao treinamento de guias turísticos”, referiu Isabel Macie, acrescentando que está tudo a ser feito para que Moçambique esteja na rota dos turistas que se irão deslocar à África do Sul para assistir ao Campeonato Mundial de Futebol, em 2010.
“Estamo-nos a preparar a vários níveis, incluindo em termos de infra-estruturas. Este trabalho está a ser feito em coordenação com o sector privado (agências de viagem e operadores turísticos. Há várias obras em curso e acreditamos que até ao Mundial estaremos minimamente preparados”,considerou Isabel Macie.
Durante a feira Indaba, na qual Moçambique se faz presente há 10 anos, foi lançada uma expedição que vai percorrer sete áreas de conservação a nível da África Austral, sendo que em Moçambique os lugares integrados na rota são a Reserva Especial do Maputo e o Parque do Limpopo, em Gaza.
A expedição composta por 15 viaturas de marca Land Rover tem uma forte componente de educação cívica tendo como público alvo as comunidades que vivem nas áreas circunvizinhas dos parques, nomeadamente sobre a necessidade de um melhor acolhimento de visitantes.
Durante a excursão serão distribuídas redes mosquiteiras no âmbito da luta contra a malária, doença que no caso particular de Moçambique, constitui a principal causa da mortalidade.

Ilha de Moçambique acolhe exposição de arqueologia

Trata-se de peças recolhidas no fundo do mar.
Uma exposição de Arqueologia vai exibir, no próximo mes de Junho no Museu de Marinha, na Ilha de Moçambique, no Norte do pais, peças recolhidas no fundo do mar
A exposição será inaugurada no dia 25 de Junho, aniversario da Independência de Moçambique, e as peças foram recolhidas pela parceria Arqueonautas e Património Internacional (Moçambique), segundo o Boletim 'A Ilha - Património da Humanidade', na sua edição de Março ultimo.Espera-se que nessa data seja também oficialmente inaugurado o Museu de Marinha, sendo ainda necessário concluir os trabalhos ja agendados para arranjo das instalações.Estas decisões foram tomadas no decorrer de um encontro entre o director nacional de Cultura, Domingos do Rosário, e o presidente do Conselho de Administração da Património Internacional SA, Jacinto Veloso. Veloso é um General na reserva e autor do livro 'O Voo Rasante'.Espera-se que alguns objectos em prata e ouro, recuperados ha algum tempo e ate agora depositados no Banco de Moçambique, venham a figurar na exposição. Para esse efeito terão de ser criadas condições de segurança, segundo apurou a AIM.Recorde-se que o Mundo reflectiu no decurso desta semana sobre o contributo dos museus no desenvolvimento sócio-cultural, durante a passagem do Dia In­ternacional dos Museus (18 de Maio) que decorreu sob o lema “Museus e Tu­rismo”.
AIM - 20.05.2009

quarta-feira, 20 de maio de 2009

LAM lança compra de bilhetes via Internet

O lançamento deste serviço coincide com a celebração do 29/o aniversário da criação da LAM, que hoje se assinala.
A empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) lançou hoje, em Maputo o serviço de reserva, compra e emissão de bilhetes via Internet, no âmbito do projecto Vendas Directas por Internet (VDI), criado por esta companhia nacional.

O lançamento deste serviço coincide com a celebração do 29/o aniversário da criação da LAM, que hoje se assinala.
De acordo com o director comercial da LAM, Adérito Macaba, o objectivo da criação deste serviço é garantir maior facilitação aos seis clientes, que a partir de onde estiverem poderão fazer reservas, assim como comprar passagens aéreas desde que tenham acesso a Internet.
O serviço de reserva, compra e emissão de bilhetes via Internet permite reduzir em cerca de quatro dólares norte-americanos , equivalente a 105.6,00 Meticais, o custo de emissão de cada bilhete. Isto significa que no fim de cada exercício financeiro se poupam milhões de dolares.
Para Macaba, este serviço vai contribuir para reduzir o congestionamento nas lojas de atendimento da LAM, bem como o risco de fraude por facilitar o apuramento rápido das receitas, entre outras vantagens.
“Este serviço tem vários benefícios para o cliente e para a empresa. Primeiro facilita aos utentes na combra dos bilhetes, depois não existe o risco de perda do bilhete, ajuda a ter menores gastos de consumíveis na emissão dos bilhetes”,explicou.
Por sua vez, o presidente do Conselho de Administração (PCA) da LAM, José Viegas, disse que a introdução dos serviços de reserva, venda e emissão de bilhete via Internet significa uma revolução na maneira de vender, permitindo maior flexibilidade dos preços.
Para Viegas, o projecto VDI é um instrumento poderoso de vendas para poder ocupar convenientemente os lugares nos aviões.
“O lançamento do novo serviço significa uma revolução na nossa maneira de vender, porque neste momento o cidadão senta-se em frente a um funcionário para ser atendido, muitas vezes sente-se incomodado porque o atendimento não é eficiente. Com ste serviço cria-se um atendimento invisível, em que o cliente sentado em casa ou noutro lugar faz a sua reserva e compra de bilhete”, explicou.
Esta medida enquadra-se no âmbito dos esforços visando a eficiência na prestação dos serviços, sobretudo numa altura em que as perspectivas apontam para um crescimento de passageiros transportados em 14 por cento ao nível do mercado doméstico e 12 por cento ao nivel do mercado regional.
Ainda no contexto de garantir a eficiência, bem como competitividade no mercado nacional e regional, a LAM está a investir 100 milhões de dólares norte-americanos na aquisição de uma nova frota de aeronaves.
Em Dezembro do ano passado, a companhia nacional adquiriu duas aeronaves Q400 da Bombadier. Em Agosto próximo, espera-se a chegada de mais duas aeronaves turbo-jactos.
O processo de renovação da frota vai culminar entre 2010 e 2011 com a chegada de outras duas aeronaves.
Segundo Viegas, a LAM está paralelamente a investir na formação de pilotos para sucederem os que estão a atingir a idade de reforma.
Neste momento, 10 jovens provenientes do Ministério da Defesa Nacional estão a ser formados em pilotagem na Etiópia e outros 12 vão iniciar a sua formação na Escola Nacional de Aeronáutica.

O PAIS - 14 de Maio

LAM afectada pela crise financeira

A mesma fez-se sentir ao longo dos primeiros dois meses do presente ano.

O impacto da crise financeira internacional fez-se sentir nas Linhas Aereas de Moçambique (LAM) ao longo dos primeiros dois meses do presente ano, segundo revelou, em Maputo, o presidente do Conselho de Administração daquela companhia aerea nacional, José Viegas.
O impacto da crise incidiu no mercado externo, concretamente na rota Maputo-Joanesburgo, onde o número de passageiros reduziu, embora Viegas não tenha avançado números.
“Sentimos ligeiramente o impacto da crise financeira internacional nos primeiros dois meses do ano, sobretudo na rota Maputo-Joanesburgo. No mercado doméstico ainda não sentimos isso”.
Para inverter o cenário, Viegas revelou que a LAM teve que introduzir tarifas promocionais que visavam incitar o mercado.
“É evidente que uma companhia como a nossa cada vez que há quebra de vendas sente imediatamente essa reacção. Quando isso aconteceu, nós reagimos e criamos condições que visavam a minimização desse impacto. Muito recentemente nesse mercado, ou seja, em Joanesburgo introduzimos tarifas promocionais, para incitar o mercado”, explicou.
A LAM diz que, apesar de ter sofrido ligeiramente no princípio deste ano, está preparada para reagir aos efeitos da crise financeira global ao nível do mercado dos transportes aéreos moçambicanos.
Entretanto, reconhece que o impacto da crise pode ser maior na companhia aerea nacional caso os projectos de investimento previstos para Moçambique não se efectivem devido a esta situacao.

“Pensamos que estamos preparados para reagir a crise e admitimos que pode ter maior impacto na nossa empresa, porque o transporte aéreo não vive isoladamente daquilo que é a situação económica mundial e do país, sobretudo naquilo que são os projectos de desenvolvimento do país porque trazem mais tráfego para nós. Se os projectos de investimentos não acontecerem haverá impacto para nós também”, sublinhou.

O PAIS - 14 de Maio

Gorongosa espera receber cerca de 5000 turistas este ano

O Parque Nacional da Gorongosa (PNG), na província de Sofala,espera receber neste ano entre 4.500 e 5.000 turistas, contra 3.842 digressionistas de diferentes nacionalidades que visitaram a área de conservação ano passado.

O PNG chegou a registar um número recorde de 22 mil turistas nos anos 70, segundo um comunicado daquela área de conservação.
O crescimento do número de turistas ocorre numa altura em que o volume médio anual de investimentos aprovados no sector do turismo em Moçambique, entre os anos de 2005 e 2008, foi de cerca de 600 milhões de dólares EUA,
Segundo o ministro do Turismo, Fernando Sumbana, as receitas do turismo internacional cresceram de 129 milhões de dolares em 2005, para 185 milhões em 2008.
Sumbana sublinhou recentemente, falando no parlamento moçambicano, a Assembleia da Republica, que o pico do investimento foi alcançado no ano de 2007, ao se atingir 977 milhoes de dolares.

A época turística no PNG abriu no dia 30 de Abril passado, terminado que foi o período de defeso de cerca de quatro meses, na sequência das últimas enxurradas que inundaram parte da rede das picadas que permitem a realização de safaris.
'O Parque está novamente de portas abertas aos turistas nacionais e estrangeiros para fazerem game drives, passando demoradas horas do dia em aliciantes aventuras de safari na visualização das belas paisagens dos mais de 54 ecossistemas diferentes, num passeio em que é possível observar a fauna autóctone, nomeadamente elefantes, leões, hipopótamos, crocodilos, cudos, impalas, pala-palas, entre outros animais, bem como espécies de aves exóticas de extravagante beleza', acrescenta o comunicado.
O passeio pela zona bravia é suspenso geralmente, entre Dezembro e Abril do ano seguinte, uma vez que este período coincide com a estação chuvosa e os tandos ficam alagados, com níveis de água que aproximam os dois metros em algumas zonas.
No entanto, em todos os anos, a anteceder a abertura oficial da actividade turística do PNG, é hábito efectuar uma cerimónia tradicional, designada localmente por “ntsembe” no Chitengo, em homenagem ao espírito do Chitengo que se acredita, segundo relatos orais locais, que tenha sido o primeiro habitante a se estabelecer nesta região há muito, desertando dos guerreiros de Ngungunhane.
De acordo com as mesmas fontes este homem, tido como um dos valentes ex-capitães do prazeiro Manuel António de Sousa, e que mais tarde participou na revolta de Bárwè, em Manica, ao lado de Macombe, era um omnipotente mágico e durante os combates podia transformar-se, por exemplo, em termiteira, numa perdiz e outras formas naturais. Poder este, hipoteticamente, que o fez transformar em leão branco depois da sua morte.
De acordo com o director do Departamento do Desenvolvimento Humano do PNG, “ntsembe” é destinado a evocar o espírito do “hospedeiro” Chitengo para dar a sua bênção a fim de prosperar a actividade turística da época e, sobretudo, pedir a protecção para os trabalhadores e visitantes do Parque em relação à fauna bravia e a outros eventos de carácter sobrenatural que fazem parte dos mitos locais.
Por outro lado, Mateus Mutemba, explicou que o cerimonial que acontece nesta época em todos os anos visa, também, criar um momento de confraternização e reforço dos vínculos entre todos os parceiros ligados à vida do PNG, nomeadamente autoridades tradicionais, como forma de reconhecimento da sua importante cooperação em diversas matérias, principalmente, na conservação do ecossistema deste.
Por seu turno, o director do Departamento de Conservação do PNG, Carlos Lopes, apelou a uma maior colaboração das estruturas tradicionais e da comunidade em geral na 'dura batalha' de luta contra a caça furtiva e as queimadas descontroladas dentro da área de conservação.
'No geral, os régulos têm uma voz de ordem e gozam de uma extrema aceitação e reputação ao nível das respectivas áreas de jurisdição, por isso vos pedimos para que continuem a promover a educação ambiental e a colaborarem com os fiscais de modo que as pessoas conservem animais e árvores do Parque', enfatizou.

Lopes destacou igualmente os parceiros de cooperação, nomeadamente a Fundação Carr, o IPAD (Instituto Portugues de Apoio ao Desenvolvimeento), a USAID (norte-americana) e as administrações distritais à volta da Zona do Desenvolvimento do Parque que tudo têm feito na restauração das infra-estruturas e na recuperação da vida selvagem do Parque.
Já o co-administrador do Comité de Supervisão do PNG pela parte moçambicana, Bernardo Beca Jofrisse, disse que a realização de “ntsembe” reforça a ligação entre o Parque e as comunidades vizinhas e representa também a valorização da cultura e o reconhecimento do papel das lideranças locais na mobilização das populações para a conservação dos recursos naturais e do PNG em particular.
“Este acto, é também o momento de pedir aos antepassados que abençoem os trabalhadores do PNG, os seus visitantes e que ajudem para que esta época turística seja cheia de êxitos”, disse.
A cerimónia orientada pelo João Chitengo, família do Chitengo, na árvore sagrada de nome “Mutondo”, no Acampamento do Chitengo, área principal de campismo e alojamento para safaris do PNG, construído em 1941, contou com a presença de alguns régulos da Zona do Desenvolvimento Sustentável do Parque, nomeadamente Nguinha, Nhanguo, Tambarara e Chicare.
O historico santuário ecológico da Gorongosa, ja notícia destacada nos quatro cantos do mundo, mereceu importantes páginas na edição de Abril último da National Geographic Channel International.
Fascinantes imagens da província de Sofala e do Parque Nacional da Gorongosa (PNG) foram recentemente trazidas de Moçambique para Lisboa e exibidas ao público portugues, numa acção promocional e que indicam uma nova aposta do turismo moçambicano. Tratou-se de um acto inserido na Conferencia integrada nos 'Dias do Desenvolvimento' (Jornadas de Desenvolvimento) 2009.
O governador de Sofala, Alberto Vaquina, e o director de comunicação do Parque Nacional da Gorongosa, Vasco Galante, puseram os participantes ao evento, decorrido no dia 29 de Abril último, 'sob uma autêntica cascata de belezas africanas'.

A Fundação do multimilionário norte-americano, Greg Carr, suporta a revitalização do Parque Nacional da Gorongosa, num projecto de restauração do parque, que está a ser feita no quadro de um acordo, por 20, com o Governo de Moçambique.

O projecto de restauração tem como duplo objectivo a restauração do ecossistema da região da Gorongosa e a redução da pobreza nas comunidades tradicionais que circundam o parque, e Greg Carr espera que 'ambos os objectivos se complementem', já que a restauração da Gorongosa, ajudando a criar 'uma grande e próspera indústria turística', vai dar 'emprego à comunidade local e impulsionar as actividades económicas na região'

O PAIS - 17 de Maio

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Portugal: Pemba no congresso das baías do mundo

A BAÍA de Pemba está representada no V Congresso das Mais Belas Baías do Mundo que amanhã inicia em Setúbal, Portugal, durante a qual vai ser oficial e definitivamente admitida naquele prestigiado clube a nível planetário, com a entrega do respectivo certificado, depois de ter sido aprovada a sua candidatura em Maio do ano passado, em resposta ao pedido feito no decurso do congresso anterior, realizado na Praia da Rosa, Estado de Santa Catarina, Brasil, em Outubro de 2007.
Maputo, Quinta-Feira, 14 de Maio de 2009:: Notícias

O congresso de Setúbal, segundo o clube e a Câmara Municipal daquela cidade portuguesa, será realizado sob o lema “Oceanos Que Nos Unem”, que na opinião dos organizadores pretende emprestar um contributo decisivo na afirmação do grupo das mais belas baías do mundo enquanto plataforma de conjugação de vontades de todos os continentes e povos na defesa e valorização dos oceanos na sua qualidade de património da humanidade.
“Os oceanos são também a marca mais forte na génese da cidade de Setúbal que por causa do mar aqui se criou e desenvolveu, permitindo o V Congresso do Clube das Mais Belas Baías do Mundo uma abordagem valorizadora das várias matérias de importância global, seja no domínio do conhecimento, das relações internacionais ou transacções económicas”, defendem os organizadores.
As 29 mais belas baías do mundo estarão, com efeito e segundo a organização, reunidas em Setúbal para uma reflexão conjunta e uma chamada de atenção mundial para o património e um futuro que a todos importa.
O programa na posse do “Notícias” refere que o congresso será aberto pelo presidente do Clube das Mais Belas Baías do Mundo, o francês Jerôme Bignon, acompanhado pelo Secretário de Estado do Turismo de Portugal, D. Bernardo Trindade e de Maria das Dores Meira, em representação das autoridades da cidade anfitriã.
Serão debatidos vários temas ligados à conservação e preservação dos oceanos, mas o dia 16, sábado, poderá vir a ser o mais importante para a delegação moçambicana ao congresso, se bem que está reservado para a assembleia geral e extraordinária do clube, durante a qual a baía de Pemba poderá ser formalmente admitida no Clube das Mais Belas Baías do Mundo.
Para representar o país em geral e muito particularmente a baía de Pemba já se encontram em Portugal o presidente do Conselho Municipal, Sadique Âssamo Yacub, acompanhado do presidente cessante, Agostinho Ntauale, de cujo mandato terminou com a candidatura daquela baía moçambicana ao Clube das Mais Belas do Mundo, sonho que será definitivamente concretizado no presente congresso.
Também estarão em Setúbal dirigentes associativos do “Cabo Delgado em Movimento” uma organização dos amigos e naturais de Cabo Delgado que tem pela frente o general Alberto Chipande, contando-se ainda a presença de nomes de João Carrilho, entre outros.
Alias, a candidatura de Pemba ao Clube das Mais Belas Baías do Mundo foi iniciativa desta associação, que procurou assessoria de muitos parceiros com o objectivo de colocar a baía naquele grupo cujo prestígio é largamente conhecido e que tem a chancela da Agência das Nações para Educação, Ciência e Cultura.
O congresso termina a 18 de Maio, data em que saberá o país cuja baía organizará o próximo.

Reassentamento no Parque Nacional de Limpopo : Gaza busca experiência em Govuro

As autoridades do Parque Nacional de Limpopo, província de Gaza, nomeadamente administrador do parque, líderes comunitários das zonas abrangidas pela infra-estrutura, bem como administradores dos distritos de Mabalane, Massingir e Chicualacuala, para além de responsáveis de algumas áreas vitais nos governos distritais, trabalharam recentemente na província de Inhambane, onde se inteiraram das estratégias adoptadas pelas autoridades administrativas locais, no reassentamento das populações atingidas pelas chuvas torrenciais de Dezembro de 2007 no distrito de Govuro.
Maputo, Quinta-Feira, 14 de Maio de 2009:: Notícias

A delegação manteve contactos com o Governo de Inhambane e deslocou-se ao centro de reassentamento de Mahave, onde está em construção uma vila para albergar pouco mais de seis mil famílias deslocadas de alguns bairros de Nova Mambone, sede do distrito de Govuro, que no período chuvoso perdiam bens, incluindo suas culturas, por causas das inundações.
Baldeu Chande, administrador do Parque Nacional de Limpopo, disse à nossa Reportagem que em Govuro há já experiência de mobilização da população para abandonar as zonas propensas as calamidades, construção de infra-estruturas sociais nos locais de reassentamento e de casas melhoradas, daí que a escolha desta província, pois, enquanto em Inhambane os problemas são inundações e cheias, ciclones e depressões tropicais, por seu lado, em Gaza há a questão do conflito Homem/fauna bravia, dai a necessidade de procurar aprender dos outros, como se faz a transferência da população de um ponto para outro, quais os incentivos e como envolver a própria população a participar nestas actividades.
O Parque Nacional de Limpopo tem pouco mais de mil e cem famílias que devem abandonar a zona para outros locais.
Duzentos e noventa milhões de meticais é o montante disponível para operacionalizar o projecto da organização da população que vive o conflito Homem/fauna bravia. As autoridades de Gaza querem dinamizar o processo, pois ainda são reportados todos os dias situações de ataque das comunidades locais por animais. O desenvolvimento do projecto do parque só terá sentido tal como se quer com a construção de melhores condições de vida da população, cujas zonas residenciais foram abrangidas pelo traçado do parque.
O Governo de Inhambane está a transformar o centro de reassentamento de Mahave, numa verdadeira vila onde estão sendo construídas unidades sanitárias, escolas, fontes de água, arruamentos, sede da localidade, casa do chefe da localidade, entre outras infra-estruturas, tais como moageiras e parque infantis. Mahave, que inicialmente era de tendas esticadas no período de emergência, está a construir casas melhoradas através de blocos queimados onde os construtores são os próprios beneficiários.

Lago Niassa será declarado reserva

UMA proposta de declaração do lago Niassa como área de conservação deverá ser submetida à apreciação do Conselho de Ministros antes do final deste mês, no quadro de uma estratégia de redução da pressão actualmente exercida sobre os recursos disponíveis nos cerca de 100 mil hectares distribuídos pelo continente e pela área coberta pelas águas.
Maputo, Quinta-Feira, 14 de Maio de 2009:: Notícias

Tanto a proposta como o plano de maneio da futura reserva do lago Niassa serão aprovados entre hoje e amanhã durante uma sessão especial do Governo provincial, na qual será igualmente discutido o aperfeiçoamento dos mecanismos de controlo da caça furtiva e das queimadas descontroladas naquela província, através do estabelecimento e/ou renovação de contratos de exploração de áreas de caça desportiva com envolvimento das comunidades.
A submissão da proposta de declaração da reserva do lago Niassa ao Conselho de Ministros é o culminar de um processo de consulta e auscultação lançado pelo Governo em coordenação com o Fundo Mundial para a Natureza que nos últimos meses promoveram uma série de seminários envolvendo diferentes sensibilidades interessadas no uso sustentável dos recursos disponíveis no lago, nomeadamente Governo, sector privado e as comunidades.
Segundo Albino Nandja, oficial comunitário do Fundo Mundial para a Natureza no Niassa, depois seguiu-se uma discussão a nível dos vários sectores interessados, querendo-se assegurar que cada uma das partes promova a defesa dos interesses específicos no âmbito da reserva.
“Era preciso garantir que cada sector deixasse claro o que pensa que vai ser a zona a médio e longo prazos no tocante às estradas, escolas, habitação, entre outras infra-estruturas sociais e económicas que, certamente, vão surgir como resultado do desenvolvimento. Toda esta informação está aglutinada no plano de maneio. “Paralelamente a isso, vamos desenvolvendo acções de educação ambiental, porque queremos promover uma gestão que envolva activamente as comunidades”, explica Albino Nandja.
Actualmente, segundo o nosso interlocutor, a área da reserva enfrenta problemas como o défice de pescado e a precariedade das embarcações usadas pelos pescadores artesanais. Das consultas feitas, de acordo com a fonte, constatou-se a existência de problemas ligados fundamentalmente à pesca desordenada.
“Não se respeita o período de veda. Os pescadores do Malawi respeitam a veda quando ela é decretada lá no seu país, mas já não respeitam aqui em Moçambique. Ou seja, quando é tempo de veda eles vêm pescar nas águas moçambicanas, onde aparentemente não há controlo. Pior ainda, usam técnicas nocivas. Outro problema é que em Moçambique não tem havido financiamento para o fomento da pesca. Não há materiais de pesca no mercado e os pescadores têm que percorrer longas distâncias para ir comprar o material em Lichinga. É por isso que acabam optando pelo mais fácil, que é ir comprar material na Tanzania, algum do qual não é recomendável para o tipo de pesca que se impõe numa área de conservação...”, explica.

NO CONCURSO MARAVILHAS DE ORIGEM PORTUGUESA NO MUNDO

Ilha de Moçambique no ranking dos 10 monumentos mais votados
A Ilha de Moçambique, na província nortenha de Nampula, figura na sexta posição no ranking dos 10 monumentos mais votados do mundo participantes no concurso Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo.
Aquela que foi a primeira capital de Moçambique durante a dominação colonial portuguesa sobre o país faz parte de um total de 27 monumentos do mundo participantes daquele concurso e o grande vencedor deverá ser conhecido a 10 de Junho de 2009, numa cerimónia pública marcada para Lisboa, capital de Portugal, comemorativa do dia nacional daquele país.
De África, a cidade mais votada é a Velha de Santiago, em Cabo Verde, que ficou no segundo lugar depois da Igreja de São Paulo, em Macau, no primeiro, e da Fortaleza de Mazagão, em Marrocos, que se posicionou em terceiro lugar naquele ranking.
A Igreja do Bom Jesus de Goa, Cidade de Baçaim e a Fortaleza de Diu, localizadas na Índia, ocuparam quarto, quinto e sétimo lugares, respectivamente, enquanto que a Fortaleza de Mascate, Oman, o Convento de São Francisco e Ordem Terceira e a Igreja de São Francisco de Assis, no Brasil, posicionaram-se na semana finda nos três últimos lugares no concurso Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo, cujo encerramento irá ter lugar a 10 de Junho próximo.
Refira-se que participam 27 monumentos e os 10 monumentos acima indicados têm vindo a despertar mais a atenção dos cerca de 45 mil votantes de todo o mundo, segundo o comité organizador do concurso que realça que a Ásia e África destacam-se neste ranking, com a Índia a ter dois monumentos classificados, contra três do continente negro.
(F. Saveca) – CORREIO DA MANHÃ – 13.05.2009

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Transformação do Aeroporto de Nacala

GOVERNO VAI LANÇAR CONCURSO

Vai ser lançado entre os meses de Maio e Junho do corrente ano, o concurso para a selecção do empreiteiro que se vai encarregar pelas obras de reabilitação do aeroporto da base aérea de Nacala com vista ao processo da sua transformação integral em aeroporto civil, segundo anunciou recentemente em Nampula, Ana Dimande, directora nacional de infra-estruturas no Ministério dos

Transportes e Comunicações.

Tanto quanto se sabe, as obras, com a duração prevista para 24 meses, vão consistir no melhoramento da pista de aterragem, instalação de infraestruras de raiz para o embarque e desembarque dos passageiros, sistema de comunicação, entre outros.

Segundo Ana Dimande, o futuro aeroporto de Nacala-Porto irá obedecer a padrões internacionais e, obviamente, com capacidade e abertura para a aterragem de voos domésticos, regionais e inter-continentais.

O projecto tem vista, também, responder ao processo de integração regional da SADC, para além de criar oportunidades de atracção de investimentos para a região, em face da zona económica especial.

Prevê-se que sejam desembolsados para o projecto cerca de 700 milhões de dólares americanos, valor que será igualmente, aplicado na reabilitação dos Aeroportos de Pemba, Vilanculos, Tete e Inhambane.

WAMPHULA FAX – 13.05.2009

Ensino técnico profissional terá novos cursos

Segunda, 11 Maio 2009 09:13 - O País

As disciplinas foram concebidas para responder às necessidades do mercado.

A partir de Julho deste ano 4 estabelecimentos do ensino técnico-profissional em Maputo e Pemba vão ter novos cursos concebidos para responder às necessidades do mercado de emprego. Esta inicitiva está inserida no âmbito da fase-piloto da reforma do ensino técnico, que vai até 2011.

A partir de Julho deste ano o Instituto Comercial de Maputo vai ter o curso de Hotelaria e Turismo e o actual curso de Contabilidade vai ser leccionado em novos moldes. Para além deste estabelecimento de ensino técnico-profissional, soma-se mais 3 institutos em Maputo e Pemba que vão ter novos cursos.

O projecto está inserido na fase-piloto da reforma do ensino técnico-profissional que vai de 2006 a 2011, devendo abranger 16 escolas do ramo.A concepção dos novos cursos e a remodelação dos já existentes exigiu a participação das empresas públicas e privadas com vista a se formar técnicos que o mercado de emprego procura.

Para esta fase da reforma estão a ser investidos 37 milhões de dólares.

Turismo laça concurso para construção de hotéis

O INSTITUTO Nacional do Turismo acaba de lançar concurso público visando o apuramento de empresas que irão construir 20 unidades hoteleiras no país.

Maputo, Segunda-Feira, 11 de Maio de 2009:: Notícias

O programa enquadra-se nos esforços visando a criação de locais de acomodação em locais onde estes ainda não existem e numa primeira fase serão abrangidos os distritos de Mueda, Nangade, Mecúfi, Angoche, Murrupula, Moatize, Songo (Chitima), Mocuba, Milange, Gorongosa, Marromeu, Chibabava (Muxúguè), Sussundenga, Báruè, Funhalouro, Mabote, Inharrime, Manjacaze (Nwadjahane, Chókwè (Chilembene) e Magude.

Nota: Em Março quando estive em Maputo, num belo domingo de manhã, fomos apanhar um bocadinho de sol e o Chico mostrou-me um anúncio, num jornal local, não me lembro qual, e perguntou-me se eu sabia o que era. Tratava-se de um anúncio de duas páginas inteiras falando sobre um projecto de construção de hotéis, uma cadeia nacional de hotéis…criada pelo Estado!

O conceito parece o mesmo do anúncio…não sei é se criar hotéis basta. E as estradas? As infra-estruturas básicas como água canalizada, energia eléctrica? Isto para não falar em equipamentos turísticos…

Desenvolvimento sustentável com base no turismo implica ter condições para acolher e fazer com que voltem uma segunda vez. O governo que crie as condições básicas que os privados tratam do resto!

Doadores acordam fundo para travar a crise financeira

Orçado em cerca de 15 biliões USD.

As organizações signatárias do acordo são o BAD, AFD, BEI, BM, entre outras

Vários doadores internacionais assinaram recentemente, em Dakar, Senegal, um plano de acção de um montante de 15 biliões de dólares para um período de dois a três anos com vista a ajudar o continente africano, duramente afectado pela crise económica mundial.

Esta ajuda suplementar far-se-á sob forma de empréstimos. As organizações signatárias são o Banco africano de desenvolvimento (BAD), Agência francesa de desenvolvimento (AFD), Banco europeu de investimento (BEI), Banco de desenvolvimento da África austral, Cooperação financeira alemã, Sociedade internacional islâmica de financiamento do comércio (SIFC) bem como o Banco Mundial.

De acordo com o vice-presidente da Sociedade financeira internacional (SFI), ramo do Banco Mundial para o sector privado, Thierry Tanoh, “Este plano de acção é inovador porque agrupa várias instituições que vão trabalhar juntas para serem mais eficazes”, assegurou.

Após cinco anos de crescimento assinalável, a África deverá conhecer uma “baixa brutal” em 2009 sob efeito de uma crise mundial que poderá “pôr a mal” certos progressos democráticos no continente, indicaram a OCDE e o Banco africano de desenvolvimento (BAD) num relatório comum.

PIB africano em 2009

O produto interno bruto (PIB) africano deverá progredir em apenas 2,8% no próximo ano, ou seja, menos de metade que em 2008 (+5,7%), antes de conhecer uma “recuperação moderada” em 2010 (+4,5%), estima a Organização de desenvolvimento e de cooperação económica na Europa.

“Nos anos passados, as crises em África eram essencialmente devido aos factores internos”, como guerras ou má governação, “mas desta vez, devem-se, essencialmente, aos factores externos, primeira vez desde 30 anos”, sublinhou o presidente do BAD, Donald Kaberuka. “Pede-se, por conseguinte, uma solução global”, para fazer face a esta crise, prosseguiu diante da imprensa após a assinatura do plano de acção

Ilha de Moçambique

Ilha de Moçambique

http://viajar.sapo.mz/descobrir/artigo/49

Ao atravessar de carro a enorme e velha ponte da alfândega, que dá acesso à ilha de Moçambique, fica-se com a impressão de se estar a ver uma fotografia antiga; daquelas que eram a preto e branco e posteriormente a pedido dos interessados o fotógrafo coloria-a com cores pastel. Se olhar para o lado esquerdo verá as casas baixinhas todas alinhadas ao longo da praia.

Parece que foram assim construídas para observaram as embarcações que chegam, partem ou ficam a dormir ao sabor das ondas. Parece um postal, é lindo. Mas o automóvel aproxima-se e esta imagem ganha uma forma diferente. A ilha está suja, cheira mal e deixa na alma um certo desalento. Sobrelotada, nela vivem 13 000 habitantes, dos quais 11 000 ficam na cidade de makuti (nome dado ao tipo de cobertura em telhas de coqueiro). A horas de expediente vê-se um amoantoado de pessoas nas ruas, principalmente jovens deitados no chão, na praia... A população vive essencialmente da pesca e as condições de vida são más: não há, por exemplo, aterros sanitários. O Governo Moçambicano está a resolver esta questão.

Mas, apesar disto, a ilha tem um encanto. É bonita e nela poderá ler 500 anos de história em que Portugal aparece como um dos principais escritores. Vale a pena visitar. Na verdade como refere António Sopa, historiador moçambicano o interesse pela ilha vem do seu património edificado, que até bastante tarde se manteve bem conservado, já que ali esteve instalada a capital até 1898, passando depois para Lourenço Marques.

O mesmo autor diz ainda que a ilha sobreviveu, por ser ali que residiam os altos funcionários, grandes negociantes, ricas casas com sucursais na Zambézia e estabelecimentos na Índia. Esta fixação secular permitiu a existência de um grupo étnico – o swahili – com caraterísticas culturais que lhe são próprias.

Segundo António Sopa o povoamento da ilha está relatado na crónica de Quiloa, baseada na história recolhida pelos portugueses no século XVI. Assim, o xeicado de Moçambique teria sido fundado por Moussa e Hassan, ambos naturais de Kilwa, que se teriam inicialmente instalado no Zanzibar devido à instabilidade vivida na sua cidade natal. Será com a projecção de Kilwa, metrópole situada numa pequena ilha da costa sul da Tânzania, nos séculos XIV e XV, e do domínio político que se estabelecerá na costa moçambicana, visando o controlo das rotas comerciais que a ilha de Moçambique ganhará alguma notoriedade. Antes de a chegada de os portugueses, mais propriamente de Vasco de Gama, em 1498, já os portugueses sabiam da sua existência, pois a viagem do achamento do caminho marítimo para a Índia foi habilmente preparada pelo Infante D. Henrique, que desde 1460 mandava Diogo Gomes à Indía por mar. A realidade é que a chegada dos portugueses destabilizou o equílibrio comercial da região.

Os xeicados da costa, sob a suberania do sultunato de Kilwa, concertaram posições com a finalidade de correrem com estes novos hospedeiros, que procuravam policiar os mercadores muçulmanos, ao mesmo tempo que começavam a construir as infra-estruturas necessárias à sua sobrevivência, actividade e protecção. Esta "incomodidade", por parte da comunidade muçulmana, levou à transferência do xeque e principais dignatários que residiam na ilha para Sancul, em 1507, e, mais tarde, os portugueses acabarão por destruir a povoação muçulmana, isto em 1570. O centro dessa povoação deveria ter-se localizado, segundo António Sopa, na actual cidade de pedra e cal, perto da ponte-cais. Era relativamente pobre, onde haviam apenas dois edifícios de pedra: a residência do xeque e a mesquita. Todo o resto seriam construções semelhantes às palhotas actuais.

Os portugueses, pelo contrário, ergueram a sua povoação no lado ocidental, virada para a baía, mais abrigada dos ventos, ao redor da primitiva torre e feitoria, construída a partir de 1507. A fortaleza de São Sebastião estava já planificada desde 1545, mas no decorrer do cerco dos holandeses de 1607 ainda não estava concluída, tendo sido finalizada em 1620. Na primeira metade do Século XVII a ilha estava já dividida em duas povoações distintas: a zona de pedra e cal e a área de makuti. Ainda se mantém.

A cidade de pedra e cal continua a expandir-se durante os séculos XVIII e XIX, com o dinheiro do tráfico de escravos e, a partir de 1870, o comércio das oleaginosas obrigou à construção de grandes armazéns. Até ao Século XIX a zona de cimento estendia-se até à igreja da Saúde e do hospital, começando a partir daí o bairro de Missanga, zonda de gente pobre. Entre 1878 e 1885, com a expansão da cidade, este é demolido, passando os seus habitantes a viver na Marangonha, local até aquele momento desabitado e onde se executavam publicamente os presos civis. Em 1878 nesse local foram construídos, o hospital, mercado e dois parques. Depois, a ilha entrou num processo rápido de decadência, após a passagem da capital para Lourenço Marques no final do Século XIX e, posteriormente, após a mudança da sede do distrito para Nampula e a abertura da navegação do porto de Nacala, situado a cerca de 100 km da ilha de Moçambique, em 1951. Como refere António Sopa este último empreendimento virá a liquidar as aspirações da ilha, apesar da oposição tenaz dos naturais. A partir de 1975, após a independência a ilha é deixada ao abandono e foi por esta altura que a degradação dos edifícios colónias começou.

O grande problema está na educação cívica. A maioria dos seus habitantes são refugiados, que após o fim da guerra foram atraídos pela vida da cidade, encontrando abrigo nestas casas. São na sua maioria pessoas vindas dos campos, sem cultura urbana. Muitos contribuiram para a destruição pois aproveitaram as vigas, tiraram as arquitraves das portas e janelas para se aquecerem ou para restaurarem os barcos. Mas há outras razões para a sua deteorização.

Uma delas relaciona-se com a falta de investimento, sendo que a entrada de capital estrangeiro para a sua recuperação está vetada e as empresas moçambicanas não têm encaixe financeiro para recuperar a velha ilha; outra explicação é de ordem natural: foi atacada pelo furação Nadia, que deteriou alguns edifícios. A isto junte as enormes plantas que com as suas raízes vão dissiminado muros e paredes das relíquias coloniais, abrindo rachas e deixando a porta aberta para as chuvas torrenciais. Em 1993 foi declarada Património Nacional da Humanidade, dez anos após ter sido inscrita no programa da Unesco. Mas, apesar disto, continua abandonada e poucos foram os esforços para lhe devolver a aura de outros tempos áureos.


O que visitar


Capela de Nossa Senhora do Baluarte
Palácio de São Paulo
Fortaleza São Sebastião
Fortim de São Lourenço
Capela de São Paulo
Igreja de Santo António
Mesquita Antiga
Pelourinho


Onde dormir


Pátio dos Quintalinhos
Hotel Omuhipiti


Onde comer

Restaurante Escondidinho
Restaurante Relíquea

Texto: Teresa Cotrim

GORONGOSA - MOÇAMBIQUE

CAHORA BASSA-MOÇAMBIQUE

terça-feira, 12 de maio de 2009

Aldeias de Matemo

http://viajar.sapo.mz

São cinco as aldeias de Matemo: Palussança, Missamola, Nhanisa, Muanakombo e Riuekulo. É incrível o número de crianças que aparecem na estrada a correr a pedir “foto”, “foto”… pois já se habituaram às câmaras dos turistas. Mas até chegar aqui houve um longo processo de aculturação.

Muitos dos locais nunca saíram de Matemo nem para ir à vizinha ilha do Ibo. Não conheciam outra realidade senão a da sua pequena aldeia. Nem outras raças. Jamais haviam ouvido o ranger do motor de uma moto ou avistado um navio de carga. Conheciam os seus dowhs, pequenas embarcações arábicas e alguns barcos mais pequenos, quando ouviam os motores ao longe, principalmente oriundos da ilha do Ibo que recebe todos os dias visitantes de outras ilhas. Não queriam nada disto para atazanar a sua paz. O seu mundo era aquele, apesar da dureza do dia-a-dia.
A população é 90% muçulmana, por isso cada homem tem no mínimo duas mulheres, o que na realidade não acontece, têm mais e sem condições para as manter, pois muitos nem trabalham. Daí o número elevado de filhos. As condições de pobreza são imensas e há crianças a passar fome. Quem sustenta a família são, regra geral as mulheres que cultivam algumas machambas, pequenas hortas de milho e mandioca e de manhã aproveitam a maré baixa para apanhar o alimento para o almoço. Reza a tradição que o homem quando casa deixa a casa paterna, acabando aí a sua responsabilidade para com a sua família de sangue e vai viver para casa da mulher. Depois quando arranja uma segunda esposa passa os dias de casa em casa de cada uma das famílias que constituiu. Alguns homens, no entanto vão à pesca, arranjam o telhado das casas com folhas de palmeira, makuti ou trabalham no novo hotel.
O processo de construir um resort exigiu muita paciência e tempo. A maioria da população não fala português, o dialecto predominante no Arquipélago das Quirimbas é Kumuani, sendo necessário recorrer a um intérprete para estabelecer a comunicação. Os chefes da aldeia foram levados a Pemba para ver o que era um resort e qual a finalidade do que ali em Matemo se pretendia construir e qual seria benefício para a comunidade. Tiraram fotos e foram acordadas contrapartidas.
O Grupo Rani construiu a mesquita, restaurou e ampliou a escola, construiu um hospital e tem ajudado a população na plantação de pequenas machambas, nomeadamente milho, pereiras e mangueiras, além de lhes dar formação, a maioria dos trabalhadores é local. A população faz ainda a secagem do peixe que vende no continente.
Durante a nossa visita vimos o tratamento e secagem do Ungo, peixe tipo carapau pequenino o chamado jaquinzinho são limpos e colocados ao sol durante dois dias, depois vendem-nos. O peixe maior já tem de ser salgado. Observamos ainda à abertura do coco recorrendo à ponta afiada de uma enxada e à recolha de material da terra para as aulas de oficina da escola primária.
O dinheiro dado pelo Governo chega para o giz, cadernos, lápis e alguns livros, por isso fazem tinta verde com folhas de feijão, o castanho é obtido de uma mistura de terra e água, o amarelo é feito com as folhas de uma outra planta, o preto é do carvão deixado pelas cinzas das fogueiras e os pincéis são de fios de coco. Um trabalho de casa que está quase concluído. Aprender a ler e a escrever tem sido uma árdua tarefa, pois a maioria dos locais fala em dialecto Kimuani. Ainda muito há a fazer por esta comunidade. As crianças fazem bolas com preservativos porque os pais não os utilizam. Urge investir em formação e educação.
Um projecto que o resort já tem em mãos.Falámos ainda com Íman, chefe da Mesquita da primeira aldeia que se chama Selemani Injabo. Reza cinco vezes por dia e todos os dias às quatro da manhã sobe as escadas laterais do seu templo para entoar o cântico do chamamento dos fiéis, depois volta a fazer o ritual ao meio dia, às quinze, às dezoito e às dezanove horas. À entrada do primeiro degrau vemos umas chaleiras com água para limpar as mãos, pés e rosto. Para adorar Alá deve estar-se limpo de todas as impurezas. Quem não puder cumprir com estes horários tem de ir à sexta-feira ao chamado Jamou, por volta das onze horas. Este dia Alá não perdoa, explica o responsável, pois pelo menos uma vez na semana devem ir rezar ao templo. As mulheres têm uma entrada lateral onde fazem as orações. Homens e mulheres nunca se cruzam. A aldeia tem ainda um campo de futebol onde as equipas das ilhas fazem torneios, chegam a demorar cinco horas de barco à vela para irem jogar ao IBO, por exemplo e um poço com água quase bebível, digo quase porque tem sempre 10% de sal, daí que as crianças peçam sempre água quando se cruzam com os turistas.
A cultura árabe está bem presente neste pedaço de chão desde a forma como as mulheres usam o lenço até aos costumes. Aqui poderá ainda ver a típica mascara do Mussiro, usada para amaciar a pele e proteger do sol. Algumas crianças começam a fazer este ritual desde tenra idade. A equipa do Sapo experimentou e sente-se como se fosse argila. Puxa a pele. Só que em vez de ser barro é a raiz de uma planta e tem de ser esfregada numa pedra misturada com um pouco de água e colocada com um pincel, depois seca em minutos.
As casas de Matemo têm uma construção diferente. São feitas de caniço com pequenas pedras e segundo consta foi este gesto de maticar que deu origem ao nome da ilha. Os telhados seguem a tradição de folha de palmeira. Ao longo das vilas avistam-se pequenas mercearias com alguns bens de consumo, como óleo, massa, arroz, bolachas, leite condensado, salsichas, atum em lata, entre outros mas a quantidade é sempre reduzida. Deve ser reabastecido à medida do poder de compra do comerciante, que é sempre parca.
Texto: Teresa Cotrim

Instalação de portagens na EN1 pode ser entre Junho e Julho

Terça, 12 Maio 2009 05:26 - O País

O ministro das Obras Públicas e Habitação, Felício Zacarias, deu a entender ontem que, entre os próximos meses de Junho e Julho, poderão iniciar os trabalhos de instalação de portagens ao longo da Estrada Nacional Número 1 - EN1. Zacarias pronunciou-se nestes termos depois de, semana passada, terem curculado informações segundo as quais mantém-se a ideia de construção de portagens naquela rodovia estratégica para o país. “Não podemos dizer que vamos ter a portagem no dia tal. Estamos a trabalhar no sentido de fazer todo o esforço para que até Junho ou Julho a gente possa ter qualquer coisa aí”, disse o governante, à margem do encontro que o sector privado teve com a primeira-ministra, Luísa Diogo, ontem, em Maputo.Felício Zacarias declinou falar dos pontos onde serão instaladas as referidas portagens, por serem aspectos técnicos ainda em estudo, mas disse que há parceiros que estão a trabalhar no assunto. “A colocação de uma portagem leva normalmente cinco anos. A portagem que demonstrou menos tempo e que é considerada um grande sucesso é esta da TRAC”, disse o ministro, referindo-se à portagem que se localiza entre as cidades da Matola e de Maputo. Actualmente, a única estrada com portagem em Moçambique é a estrada Maputo-África do Sul, operada pela empresa sul-africana Trans-Africa Concessions (TRAC), a qual o ministro fez alusão.

Ponte sobre Zambeze“em actividade”

Terça, 12 Maio 2009 05:31 - O País
As obras de construção da Ponte sobre o rio Zambeze em Caia estão na fase conclusiva, estando o empreendimento aberto apenas para trânsito de emergência, segundo os responsáveis do projecto.
O transporte de pessoas e bens, de uma margem a outra na região de Caia, continua sendo garantido por meio de dois batelões, um cenário que esta prestes a passar para a história.
Em termos de execução física da ponte, cerca de 91 por cento já esta concluída, estando agora em fase de acabamento. As obras iniciaram em Março de 2009 e deverão terminar dentro de dias. A empreitada tem cerca de 5 mil metros de extensão. Um dos grandes problemas com que se debatem muitos projectos de grande envergadura do país é a manutenção.
O director da obra garante que já foi elaborado um plano de manutenção da ponte sobre o rio Zambeze. Para tal será formada uma equipa técnica com a função apenas de garantir a durabilidade da mesma, assim como o controlo de carga.
O director do projecto, Elias Paulo, lembrou que do lado da província de Sofala existem duas básculas, sendo uma no Dondo e a outra no Inchope e do lado da Zambézia existe uma no distrito de Nicoadala.

Gorongosa renasceu

Greg Carr, o homem que nos finais dos anos noventa abandonou uma intensa vida de negócios para criar a filantrópica Fundação Carr, e hoje, em parceria com o governo moçambicano gere o Parque Nacional de Gorongosa (PNG) contou à revista "National Geographic" o que espera que o PNG seja no final do seu projecto.O projecto de Carr, com a duração 30 anos, consiste na injecção de 31,6 milhões de euros na recuperação da vida selvagem e no desenvolvimento das comunidades humanas da região.Os relatos de Carr sobre o que lhe despertou interesse pelo PNG, assim como o "modus vivendi" do mesmo, foram publicados numa extensa entrevista que consta da edição de Abril da "National Geographic". Confira, a seguir, a entrevista:Como se interessou pela GorongosaNa década de 1990, fui co-fundador da empresa Online, que operava em países africanos e, através dela, conheci vários líderes africanos. Certo dia, conheci em Nova Iorque o embaixador moçambicano nas Nações Unidas, que me convidou a visitar o seu pais. Isto foi em 2000, mas só viajei em 2002. Muitos europeus e norte-americanos sabem onde fica o Quénia, a Tanzânia ou a África do Sul, mas desconhecem Moçambique ou confundem-no com Madagáscar. Ora, eu procurava um projecto que juntasse as necessidades da conservação da natureza com o desenvolvimento humano. A Gorongosa pareceu-me ser uma boa oportunidade. Há 40 anos, era um dos parques africanos mais conhecidos, mas convive hoje com uma das piores situações de pobreza do globo.O Seu projecto visa a conservação da natureza ou a recuperação das comunidades humanas?O desafio de todas as pessoas que trabalham em conservação é reconhecer que tem também de ajudar as pessoas que vivem perto das áreas protegidas. Ate o fazerem, não terão uma verdadeira solução. No pólo oposto, as pessoas envolvidas em projectos de desenvolvimento humano reconhecem agora que não se pode deixar de proteger o ambiente enquanto se promove o desenvolvimento. Isso obriga pessoas com formações e passados diferentes a trabalhar em conjunto. Eu quero juntar esses dois mundos porque, para restabelecer aquele ecossistema, tenho de ajudar as 250 mil pessoas que vivem na zona-tampão.As comunidades que vivem no parque não colocam problemas?São comunidades pequenas e recentes, provavelmente deslocadas pela guerra civil e, na maior parte dos casos, vivem perto das fronteiras do parque, pelo que talvez consigamos convence-las a mudar de local. Se as condições na zona-tampão melhorarem em termos de escolas, electricidade, centros de saúde e se ali criarmos melhores condições de cultivo, essas comunidades provavelmente deslocar-se-ão para lá. Demorará, mas valera a pena. Creio que há uma ligação obvia entre o desenvolvimento humano e o ecoturismo: se criarmos uma grande industria de turismo no parque, vamos criar empregos, mas isso não é suficiente. A maior parte dos habitantes vive da agricultura, pelo que temos de nos envolver e ajudar a melhorar as colheitas. Não só porque isso melhorará as suas condições de vida, mas também porque a agricultura sustentável, o uso adequado de água e a manutenção das florestas afectam tudo o resto.Que tipo de contributo pode o parque dar aos agricultores?Eles conseguem cultivar muitas coisas, mas não têm meios para além do cultivo. Por isso, a fruta apodrece nas árvores. Não existem estruturas para empacotar a fruta, processá-la, exportá-la para outros locais, ou seja, o que lhes falta são as outras fases do processo agrícola. Começamos assim por montar uma fabrica de secagem de fruta. Compramos fruta a produtores locais, secamo-la e exportamo-la. Com essa etapa, aumentamos o seu lucro e melhoramos a percepção que essas comunidades têm do parque. Além disso, diminuímos a sua necessidade de caçar furtivamente ou de cortar mais árvores e cultivar mais terrenos. Em último caso, reduzimos também a pobreza e a má nutrição.Em 2004, quando negociou a parceria com o governo moçambicano, tinha uma estimativa da situação do ecossistema?Havia muito mais vida selvagem do que se pensava. Havia 300 elefantes e pensava-se que não tínhamos nenhum. Havia 150 hipopótamos, muitos crocodilos, alguns leões. O nosso diagnóstico apontou a necessidade de reconstituir a população de predadores, como leões, e recuperar os ungulados do parque, como os gnus, os cobos-de-crescente e as zebras. Tivemos sucessos nas reintroduções dos dois primeiros, mas ainda faltam as zebras.As reintroduções têm sido feitas com recurso a animais do Parque Nacional Kruger na África do Sul?Quase todas as espécies reintroduzidas provêm do Kruger, excepto as zebras, que são uma subespécie endémica. Elas deverão vir do Zimbabwe, embora a situação política do país trave perspectivas de cooperação. Provavelmente, teremos rinocerontes antes de conseguirmos zebras. Reintroduzimos também búfalos do Limpopo (Moçambique) e hipopótamos de Isimangaliso (A.Sul).Em 2005, foi estabelecido um santuário de vida selvagem dentro do parque. Com que intençãoFoi um dos nossos primeiros projectos. Tem cerca de seis mil hectares, ou seja, cerca de 1,5% da superfície total. O santuário é essencial para as reintroduções: quando introduzimos os primeiros 200 cobos na região, sentimos que era necessário deixá-los nesse santuário durante alguns anos, pois a população aumentaria com mais facilidade e estaria menos exposta aos predadores. Reduzimos assim a necessidade de fazer tantas reintroduções.O parque já anunciou estimativas animadoras para as populações dos grandes mamíferos, como os hipopótamos e elefantes...São números animadores, mas há grande responsabilidade daquele cenário rico, de vegetação abundante, onde não falta água.Qual é então a principal fonte de preocupação?Preocupa-me a população de leões, que não está a aumentar. Vamos iniciar um estudo para perceber o que se passa. Talvez estejam a ser abatidos quando deixam o território do parque.Concordará que a recuperação do ecossistema é bem mais difícil do que a recomposição das populações animais, sobretudo contando com reintroduções...Claro. E essa é uma frente de batalha para muitos anos. Havia na Gorongosa muitos incêndios florestais, porque, sem os grandes herbívoros, a pradaria crescia demais. Começamos por criar uma equipa de gestão de fogos, capaz de realizar os fogos controlados apenas na estação húmida, antes do parque ficar muito seco. Por ano, pode até arder 20% daquele território, e isso terá acontecido regularmente durante os últimos dez mil anos, mas, se queimarmos 70% ou 80% temos um problema.Outro aspecto relevante é a geologia do parque. O grande vale do Rifte termina praticamente na Gorongosa. O parque é muito húmido na região central e, na estação das chuvas, a água pluvial desce as encostas do Rifte e leva o lago Urema a transbordar. Na época seca, o lago fica muito pequeno. A expansão e contracção desse lago gera uma enorme zona de pradaria. É por isso que esta é uma zona tão abundante para os animais. Na década de 1960, escrevia-se que a Gorongosa tinha mais animais do que qualquer outro parque africano. Há uma razão para isso: o ecossistema é perfeito. Mas tem de ser compreendido.Há ainda o problema de desflorestação...A serra da Gorongosa é uma preocupação. Não está dentro do parque, mas é muito afectado. Os agricultores querem criar ali mais zonas de cultivo. Temos de canalizar ajuda científica para as quintas que já existem. Há muita investigação no nosso projecto e, por isso, contratámos algumas dezenas de pessoas para ajudar a replantar a floresta na montanha, procurando travar a desertificação. Não podemos reflorestar toda a montanha, claro, mas podemos evitar a erosão das zonas mais vulneráveis.Quantos turistas recebe anualmente a Gorongosa?Cerca de sete mil. Quatro mil são turistas, e os restantes são estudantes e membros de comunidades locais.Colocando a questão de outra forma, qual é o limite do parque?Isso inclui duas perguntas diferentes: a meta e o limite. O limite pode ser de centenas de milhares de pessoas. O Kruger, por exemplo, tem perto de dois milhões de visitantes por ano.Com impactos visíveis.Sim. Eu gosto do Kruger, mas sinto-me na parque de atracções quando lá vou. Nós apontámos 100 mil pessoas como o nosso máximo. Repare que não seria excessivo, pois o parque é enorme. Daqui há 20 anos, talvez cheguemos a essa meta.Consegue adivinhar o rótulo que a população aplica ao parque?Algumas pessoas diriam que o parque é uma coisa boa, porque têm emprego ou um familiar trabalha para nós e um só salário tem um impacte enorme naquelas comunidades. Mas há várias pessoas que não ficam contentes, porque eram caçadores furtivos ou viviam do abate de árvores. Há sempre quem ganhe e quem perca. Mas penso que há mais pessoas a ganhar do que a perder.Com o crescimento do número de animais, antecipa problemas com as comunidades locais? Os elefantes, por exemplo, são um problema no Botswana...Se tivermos três mil elefantes em vez dos 300 actuais, será um problema. Se um elefante passar por uma quinta, pode destruí-la numa noite, afectando o rendimento anual de um agricultor. Essa é uma das razões que me leva a defender a não-reintrodução de muitos elefantes. Vamos manter os que já temos e aumentar essa população. Por força da experiência, as manadas do parque já conhecem os territórios onde não podem ir. Se trouxéssemos novos animais, eles vagueariam por todo o lado.Como imagina a Gorongosa no final do seu projecto?Eu penso que vamos recuperar a biodiversidade do parque. Espero também conseguir algum tipo de protecção para a serra da Gorongosa, mesmo que seja apenas o estatuto de reserva florestal. Isso é fundamental para proteger o abastecimento de água. Imagino que vamos ter também uma próspera indústria turística, porque ela já está a nascer, e ficarei bastante orgulhoso se conseguirmos criar muitos empregos na agricultura e se tivermos sucesso nos projectos de interesse social, como as clínicas e as escolas.Sobre Greg CarrGreg Carr não gosta que lhe chamem benfeitor e chega a dizer que o Parque Nacional da Gorongosa fez mais por ele do que ele alguma vez fará pelo parque. Representante da geração que estimulou a revolução informática nos Estados Unidos na década de 1980, Greg Carr teve a visão de fundar em 1986 a Boston Tecnology, a primeira empresa que comercializou o serviço de voice mail para empresas telefónicas. Rapidamente fez fortuna. Durante 12 anos, administrou esta e outras empresas que fundou. Em 1998, porem, abandonou as funções de gestão e iniciou a actividade filantrópica, criando, um ano depois, a Fundação Greg C. Carr.